O município de Fernando Falcão, situado na região central do estado do Maranhão,
considerada Alto Sertão, é um local de recursos escassos e condições precárias
de vida e habitação. Anteriormente denominado Resplandes, distrito de Barra do
Corda, o município foi emancipado em 1994, mas só teve sua sede instalada em
1997. Segundo
o site do IBGE consultado em 26/07/2013, Fernando Falcão conta com uma
população de 9.241 habitantes em uma área de 5.086,584 km2, e seu bioma é de
cerrado.
A população é
predominantemente rural e analfabeta. Organiza-se em pequenos povoados ou vilarejos,
distantes uns dos outros e ligados por estradas de terra e areia que só são
acessíveis a carros com tração nas quatro rodas, devido às suas más condições.
São poucos os povoados que têm um posto de saúde e, quando existe o local, não
há profissionais qualificados para prestar atendimentos. Alguns povoados sequer
dispõem de provimento de energia elétrica, nem através de geradores.
A rotina dos habitantes de Fernando Falcão é
estruturada basicamente pelo trabalho produtivo: agricultura de subsistência,
pequenas criações e caça. As atividades de vida diária e de vida prática, como
cuidados com a casa e cuidados consigo mesmo, também são realizadas à custa de
grande dispêndio de tempo e energia física, devido à ausência de recursos
simples como água encanada, banheiro, e energia elétrica.
Problemas como desnutrição e suas conseqüências para
o desenvolvimento, contaminação por doenças infecto-contagiosas, violência,
abuso sexual, alcoolismo, e desagregação familiar são parte do cotidiano dos
moradores de Fernando Falcão.
A inexistência de serviços e hábitos de saneamento básico é outro grave
problema da região. A reportagem denominada “Saneamento Básico: Só 52,2% dos
municípios coletam esgoto”, do Jornal Online Vale Paraibano (2002), ao
discorrer sobre a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB – realizada em
2000, com resultados divulgados em 2002, destaca os "sem nada" - nove
municípios brasileiros onde não há nenhum serviço de abastecimento de água,
coleta de esgoto ou de lixo. Todas são cidades com menos de 10 mil habitantes,
com exceção de Nova Esperança do Piriá, no Pará, que tem 18.893, de acordo com
o censo populacional de 2000 do IBGE. Cinco desses municípios se encontram no
Maranhão, um no Pará, um em Rondônia, um em Santa Catarina e um no Rio Grande
do Sul. Fernando Falcão é um dos municípios que compõe esta lista de “sem
nada”.
Segundo dados do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento),
o IDH de Fernando Falcão no ano 2000 é de 0,498. Isso significa que em um
ranking de IDHs dos 5507 municípios brasileiros, Fernando Falcão se encontra em
5489, ou, em ordem reversa, o 18º pior IDH do Brasil.
O IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do desenvolvimento
humano. Ele mede o progresso de uma nação a partir de três dimensões: renda,
saúde e educação. Uma vida longa e saudável (saúde) é medida pela expectativa de vida. O acesso ao conhecimento
(educação) é medido por: i) média de anos de educação de adultos, que é o
número médio de anos de educação recebidos durante a vida por pessoas a partir
de 25 anos; e ii) a expectativa de anos de escolaridade para crianças na idade
de iniciar a vida escolar, que é o número total de anos de escolaridade que um
criança na idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber se os padrões
prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade permanecerem os
mesmos durante a vida da criança; E o padrão de vida (renda) é medido pela
Renda Nacional Bruta (RNB) per capita expressa em poder de paridade de compra (PPP) constante, em dólar.
Esses
são alguns dados que apresentamos a fim de fazer melhor conhecido o município
onde atuamos. Vale ressaltar que na chamada “sede” do município existem as
igrejas Católica, Assembléia de Deus e Batista. Entretanto, a grande maioria
dos povoados não possui presença nenhuma de igreja. Ou conta apenas com uma
visita semestral ou anual de um padre católico que vai recolher dízimos e
celebrar batismos e casamentos. Esta é a realidade dos povoados onde atuamos:
Sítio dos Arrudas, Violete, Buritirana, Caboré, Bacabal, Por Enquanto e Boca da
Mata.
São
grandes os desafios para a obra missionária. O local não possui atrativos para
obreiros – os povoados são pequenos e isolados, sem acesso à telefonia e
internet. O acesso à saúde mais próximo é no município de Barra do Corda, e em
casos graves, Teresina (PI) e São Luis. A viagem para a cidade só pode ser
feita em carros traçados ou motos. O transporte “público” utilizado é o famoso
“pau de arara” – Toyota Bandeirantes desprovida de qualquer conforto para o
passageiro. São mazelas que o sertanejo enfrenta diariamente e que se tornam
parte da vida do missionário que se propõe a viver entre eles. Esses problemas
aliados à pequena visão missionária e baixo investimento em missões das
igrejas, talvez agravem o fato já constatado por Cristo: “A seara é grande e
são poucos os trabalhadores!”.
Ainda
assim, acreditamos que Deus há de levantar vocacionados – pessoas interessadas
em fazer conhecido o mistério do Evangelho e proclamar as Boas Novas da
Libertação em Cristo. Nosso Deus tirou o povo de Israel da terra do Egito. Ele
pode e quer tirar o sertanejo de sua situação de exclusão social, extrema
pobreza, e todo tipo de escravidão. É um privilégio ser parte deste sonho de
Deus para os sertanejos! Queremos ser resposta ao clamor deste povo. Há espaço
para atuação missionária e assistência social em tantas áreas, como educação,
esporte, lazer, saúde, economia... Roguemos, pois ao Senhor da seara, para que
envie mais trabalhadores para o município de Fernando Falcão!
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