quinta-feira, 22 de outubro de 2020

É festa!


 

Antes ainda de me mudar para o sertão, em setembro de 2009, vim para conhecer melhor a região, levantar dados para meu trabalho de conclusão de curso da Pós que então cursava, e já estabelecer algo de concreto para minha mudança que se daria em janeiro de 2010.

 

Aproveitando a visita, pediram-me para dar aula na escola dominical para as crianças. Havia crianças do povoado Violete, onde estava, e algumas do Sítio dos Arrudas – onde moro hoje. A lição era sobre o texto do primeiro milagre de Jesus – que ocorreu em uma festa – festa de casamento. Foi quando ele milagrosamente transformou água em vinho!

 

Para meu susto e tristeza, descobri que quando se falava em festa com as crianças, elas entendiam “pecado”. O conceito de festa no sertão, talvez por presença anterior de pessoas que ensinaram a religião cristã com foco nos usos e costumes, está infelizmente ligado ao pecado, e de forma muito forte! Pelo menos quando somos nós, “os crentes”, que falamos de festa, eles entendem isto.

 

Depois deste acontecimento, e de outras experiências que confirmaram esta observação inicial, eu sempre sonhei em realizar festas aqui! Porque Deus é Deus de festa! Ele ordena a seu povo que celebre! Alegria é uma parte do fruto do Espírito! Sem celebração, sem festa, sem música, e sem dança, é difícil de falar no Evangelho – talvez seja impossível!

 

Assim, começamos a perguntar a data de nascimento das crianças. Naquele tempo não se dava muita importância a isto e quase todas as mães precisavam consultar os documentos para dar uma resposta precisa quanto à idade da criança e o dia de seu nascimento. Mas insistimos! Fiz muito bolo e enchi muito balão comemorando aniversários aqui! E como foi bom! Hoje me alegro porque várias famílias já comemoram a vida de suas crianças, e grande parte delas lembra-se de agradecer a Deus pelo dom da vida nestes momentos!

 

Depois, em 2013, veio a ideia do Brincando no Sertão. Surgiu em conversa minha e do Felipe com os professores Messias e Suzana. Nem lembro direito como foi! Mas sei que desde então a cada ano mais crianças tem se juntado a nós nesta celebração da vida, da família, e do Deus que ama as crianças e que criou tudo de bom que existe.

 

Infelizmente a maioria aqui ainda chama o evento de “brincadeira das crianças”. Parece que chamar de festa ainda não pega bem! Mas é festa minha gente! E das boas. Como disse uma vizinha minha, diferenciando a festa que a gente faz de outras festas que tem por aqui, “esta é uma festa que Jesus gosta”!

 

Este ano vamos de casa em casa lembrando que temos um Deus de festa. Ele é a fonte de alegria, e ele dá sentido a nossa celebração, mesmo em tempos estranhos e até de luto. Espero que no próximo ano, no IX Brincando no Sertão, tudo esteja melhor, para que possamos nos reunir ecelebrar com bastante aglomeração, como de costume!