quinta-feira, 10 de março de 2011

Cortando espinhos





Há mais de oito meses atrás plantei alguns cocos... e depois de muito tempo, os pezinhos começaram a brotar e a aparecer na terra. Acontece que atrás dos pezinhos de coco havia um espinheiro. Não me dei conta disso na época. Mas agora que é “inverno”, ou seja, tempo de chuva nas terras nordestinas, o mato cresce e crescem também os espinheiros.
Este espinheiro estava não só fazendo sombra nos meus pezinhos de coco, mas também já estava começando a sufocar o maior deles. Não tive opção. Maria, sertaneja, disse: “Dri, corta este pé de espinho”. Um dia, capinando, resolvi finalmente enfrentar o espinheiro. Coloquei luvas, peguei o facão e fui à luta! Menino! Se eu soubesse... O trem, como dizemos nós, mineiros, é mais complicado do que eu imaginava. Não tinha pega. Os galhos são mais resistentes do que eu imaginava. Os espinhos traspassavam minhas havaianas e furavam meus pés. Arranhavam meus braços. Se não cuidasse, feririam meu rosto e meus olhos. Um perigo!
Lembrei-me da parábola do semeador (Lc 8:4-15), e de como os espinhos representam “os cuidados deste mundo”: “a (semente) que caiu entre os espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer” (v.14).
Lembrar-me desta parábola em meio à luta contra os espinhos me lembrou de uma batalha ainda mais dura que nós cristãos temos que travar. E me entristeci ao lembrar-me de muitos cristãos que estão sufocados em meio aos cuidados, riquezas e deleites da vida. Já fui um deles. E ainda hoje sou tentada a ser. Por vezes vejo que volto a tornar-me um, e continuo a luta contra os espinhos.
É difícil. Hoje muitas vezes a pregação da teologia da prosperidade tem falado mais alto. O capitalismo tem gritado. O sistema deste mundo nos tem feito surdos à voz de Cristo. Estamos sufocados. E para nos livrarmos deste sufoco temos que passar pela dor de cortar espinhos. Galho por galho. Precisamos nos arranhar. Nos furar. Abrir mão de cuidados, riquezas e deleites que tanto nos aprazem. Mas após a dor, e com o tempo, frutificamos. E nos alegramos. E, para nossa supresa, verificamos que frutificar em Cristo produz em nós alegria e prazer infinitamente maiores do que os cuidados, riquezas e deleites que abandonamos.
Querido amigo, o Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry aconselha: “Crianças! Cuidado com os baobás!”. Eu, ainda menor que ele, ouso aconselhar hoje: Cuidado com os espinhos! Não permita que cresçam. E, se já se encontra sufocado no meio deles, lute! Corte, galho por galho. Ainda que doa. Ainda que haja temor.
Sabe, não consegui cortar o espinheiro sozinha. Estava suada. Cansada. Machucada. Quase desistindo. Quando Junior, um jovem que passou uma semana conosco no sertão, aceitou o convite para me ajudar. E assim Deus faz. Coloca pessoas para nos ajudar nesta batalha feroz. Às vezes é preciso pedir ajuda.
O desfecho: cortamos todo o espinheiro! Vencemos a batalha.
Que Deus nos esclareça e ajude na luta contra os espinhos.
Em Cristo,
Adriana Costa

Um comentário:

  1. Gostei do texto, muito legal mesmo. Que Deus continue sendo por você e nós sempre...

    Ass: Mardoqueu Para: PROMASE


    ...graça e paz vos sejam multiplicadas -1 Pe 1-2

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