quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Castanha de Caju

 

No sertão tem muito caju! De todo tipo e tamanho! Deliciosos e suculentos! Bom mesmo é comer castanha de tardezinha, com as mãos sujas de carvão em meio às crianças! Brigando pra deixar juntar sem comer enquanto quebramos, após assá-las no “flande”.

 Este ano, não fizemos isto. Por causa da pandemia estávamos recolhidos. Mas muitas crianças vinham ao nosso quintal pedindo para recolher as castanhas que caíam. Temos vários e produtivos pés de caju ao redor da nossa casa! Rycos!!

 Mas muitas crianças juntam as castanhas, vendem a atravessadores a preços muito baixos, e com o trocado que ganham compram salgadinhos, suquinho de pacote, e outras “merendas”. Eu pelejo tentando convencê-los de que vale mais a pena guardar a castanha e ir torrando aos poucos para merendar! Muito mais saboroso e nutritivo.

 Um dia desses, mais uma vez me pediram para panhar castanhas... das que caíam dos nossos pés de caju pro lado de fora da cerca. E eu novamente alertei:” Mas não é para vender né? Só se for para merendar!”. A criança que pediu ficou em silêncio. E o amigo, rapaz já, completou: “não, Adriana, ele vai vender. É para levar de oferta na igreja”.

 Mais uma vez fiquei muito, muito constrangida. Envergonhada mesmo! Querendo dar uma lição, recebi a minha! Corações voltados para Deus, alegres em participar do Reino dEle, dispostos a servir, humildes. Essas são as crianças da nossa igreja sertaneja. Eu as amo muito e sou grata por conviver com elas, e aprender. Gratas por ter meus filhos também participando deste rico processo de ensino e aprendizagem. Desta vida abundante que Deus preparou para nós!

 

Adriana Costa Ricieri

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